sábado, 3 de março de 2012

Frio e quente.

 O gelo provoca uma vaso constrição, diminuindo inchaço (edema), o metabolismo local e o impulso nervoso (que realiza a coordena a contração muscular e a sensibilidade), levando à diminuição da dor. Já o calor promove a vaso dilatação, o que melhora a nutrição e elasticidade dos tecidos (tendões e músculos), diminui a rigidez articular, relaxa a musculatura e igualmente reduz a dor.
A inflamação que ocorre logo após a lesão é chamada de aguda, e dura até 72 horas. Observa-se muita dor, vermelhidão, calor local e inchaço. Depois disso, a inflamação que persiste é chamada de subaguda, e a partir de 15 dias, cronica.
Ainda há muitas discussões e controvérsias sobre o uso do gelo ou calor, mas um consenso é geral: na fase aguda da inflamação apenas o gelo é indicado. Nesta fase os vasos sanguíneos ainda estão lesados, perdendo muito liquido no local, por isso o inchaço (edema), sendo que o calor só faz piorar este processo. Já o gelo diminui o extravasamento deste líquido, promove a recuperação dos vasos sanguíneos, reduz danos celulares e a dor. Portanto, é a melhor técnica para ser utilizada imediatamente nas contusões desportivas.

O processo é diferente na fase crónica da inflamação, quando os vasos sanguíneos já estão recuperados e a dilatação dos vasos melhora a dor, ajuda a cicatrização e relaxa a musculatura. O que os especialistas contra-indicam é o uso do calor, mesmo na fase crónica da lesão, imediatamente após a atividade física.

GELO DURANTE A CORRIDA? Já observaram que quando um jogador de futebol sofre uma falta, imediatamente o preparador físico entra em campo e aplica um spray de gelo sobre o local da contusão, para que o atleta possa continuar no jogo? Isso é feito para diminuir a dor momentânea e para evitar uma piora da lesão (uma inflamação posterior).

E durante a corrida, caso a pessoa sinta dores, espasmos ou cãibras musculares, pode aplicar gelo? Alguns especialistas condenam totalmente a aplicação de gelo durante a prática desportiva, afirmando que neste caso a melhor alternativa é alongar e massagear bem o local até que a cãibra passe. O gelo teria pouca utilidade para a resolução de cãibras porque seria pouco eficaz no mecanismo responsável por estas contrações involuntárias.

Mas há os que defendem e praticam a aplicação do gelo nesses casos e relatam excelentes resultados. Usar gelo em abundância no local diminui os estímulos de certas fibras existentes no músculo e consequentemente o reflexo das cãibras, além de melhorar a dor. Mas esta técnica deve ser acompanhada por um profissional, para se ter a certeza de que não houve nenhuma lesão grave, pois o corredor volta à prática desportiva com o local "anestesiado" pela ação do gelo, aumentado o risco e diminuindo a percepção de possíveis lesões.

E PARA DOR MUSCULAR DEPOIS? A dor muscular tardia (dor após o exercício físico) é causada pela reorganização muscular, ou seja, o processo de cicatrização após micro lesões das fibras musculares (células do músculo) causadas pelo esforço físico. Essas micro lesões também ocorrem nas atividades do dia-a-dia, mas em proporções muito menores, por isso não causam dor.

Há quem defenda que esta dor muscular responde muito bem com a terapia de calor, mas outros condenam, dizendo que, ao aplicar calor após a atividade física, o processo inflamatório, causado pelas micro lesões musculares, aumenta. A dor poderia até melhorar no momento, mas o quadro pode piorar posteriormente. Portanto, mesmo que depois da prova o cansaço peça um bom banho quente, espere o corpo esfriar e opte por um banho frio.

Hoje em dia, uma técnica utilizada por alguns maratonistas profissionais (como a recordista mundial Paula Radcliffe) é o banho de imersão, após a corrida; o atleta entra até o nível da cintura em um tanque com água e gelo. O banho de imersão recupera as micro lesões musculares com muita rapidez, portanto, além de diminuir as dores, o corredor retoma o ritmo com mais facilidade, tem maior disposição para treinar no dia seguinte ou para a próxima prova.

Esse processo deve ser feito por 4 a 6 minutos, uma vez que a área de aplicação do frio é muito grande e há o risco de falta de circulação sanguínea local. Por isso, mesmo que a imersão não tenha atingido ainda 4 minutos, se o atleta achar que a dor é intensa ou não esteja mais aguentando, interrompa imediatamente o processo.

Alguns especialistas condenam o banho de imersão, alegando que não há nenhuma evidência científica que comprove a eficácia deste procedimento. Afirmam que a reorganização muscular é necessária para a adaptação ao condicionamento físico e para o desenvolvimento da resistência e da força muscular; portanto, interromper este processo com o uso do gelo não seria adequado.

NA PREVENÇÃO DE LESÕES. Pelo mesmo motivo da indicação para a dor muscular tardia, acredita-se que compressas de gelo ou banho de imersão praticado com frequência após a prática desportiva previnem lesões musculares causadas por intensa atividade. A rápida recuperação das micro lesões prepara a musculatura, ligamentos e tendões para esforços posteriores.

Essa técnica também é indicada caso o corredor tenha uma lesão muscular, tendínea, articular ou uma cirurgia antiga, mesmo que não doa durante ou após a corrida. Ter o hábito de fazer compressas de gelo no local após a atividade desportiva pode evitar que a lesão volte a inflamar.

O gelo se aplicado de forma breve (passar rapidamente sobre a pele) estimula a contração muscular. Mas, após alguns minutos de aplicação, causa uma diminuição do impulso nervoso, da sensibilidade (anestesia) e da circulação sanguínea local. Portanto, diminui as contrações musculares, sendo muito usado até para facilitar o alongamento ou diminuir a contratura muscular. Por isso, para alcançar o efeito antiinflamatório, analgésico e relaxamento muscular, a compressa deve ser feita de 10 minutos a 15 minutos, no máximo.

COMO APLICAR O GELO?
  • Dever ser feito em repouso, de preferência deitado.
  • Sempre que possível aplique o gelo em torno de toda articulação, fazendo uma pequena compressão; isso é importante para diminuir o edema.
  • Quando a lesão for aguda, pode-se aplicar imediatamente após o trauma por um período de até 20 minutos, e repetir este processo quantas vezes julgar necessário. Mas atenção: entre uma aplicação de outra deve-se respeitar o intervalo de no mínimo 2 horas.
  • Em lesões crónicas, compressas de 15 minutos, 3 vezes ao dia, ou após a atividade física. De preferência após o banho ou espere o corpo "esfriar" um pouco.
  • Não coloque o gelo diretamente sobre a pele, uma proteção (como um pano) deve ser usada, mesmo em bolsas de gel.
  • O spray de gelo deve ser utilizado a uma distância de 20 cm, e três jatos seguidos. (ver instruções do fabricante).
  • Após atividade física, mergulhar as pernas em um tanque com água gelada (durante 6 minutos no máximo).
  • Cuidado: não fazer a compressa antes de dormir e pegar no sono com o gelo; a queimadura é grave!


CALOR E CALOR HÚMIDO

O calor é uma modalidade terapêutica muito usada na fisioterapia, utilizado sempre em lesões crónicas. Melhora a elasticidade dos tecidos, permitindo melhor movimentação da articulação, principalmente em casos de rigidez pós-operatória.

Os recursos fisioterapêuticos permitem aplicação do calor profundo, atingindo tendões, músculos e articulações sem o risco de lesar a pele (se usados corretamente). Os mais comuns são ultra-som e ondas-curtas.

Em casa, o calor também pode ser usado com segurança. Caso utilize bolsas quentes, cuidado para não aplicar em regiões anestesiadas, feridas com sangramento, áreas com tumores, sobre os testículos, e sobre o abdómen de gestantes. A temperatura deve ser suportável, a aplicação pode ser feita de 15 a 20 minutos, diariamente.

A limitação do uso do calor é que atinge apenas camadas superficiais do tecido. O aumento da temperatura é quase que restrito à pele e regiões mais superficiais. Dificilmente atinge tendões e músculos mais profundos.

O calor húmido vem sendo muito estudado porque consegue atingir camadas mais profundas, uma grande vantagem sobre o calor seco. Este método pode ser aplicado por compressas de toalhas húmidas e quentes. Troque a toalha à medida que for esfriando e faça a compressa por 20 minutos. A fisioterapia usa a parafina ou o infravermelho com uma toalha molhada para a aplicação de calor húmido.

Corredores que sofrem de dores ou lesões crónicas podem utilizar o calor antes da atividade desportiva para aumentar a elasticidade dos tecidos, diminuir a rigidez das articulações, aumentar a circulação sanguínea local, auxiliar no relaxamento e alongamento muscular. Não se deve aplicar calor após o exercício físico.

USANDO O GELO E O CALOR

O contraste é uma técnica na qual são alternadas compressas quentes com compressas frias. Essa alternância de vasodilatação e vasoconstrição facilita muito a drenagem do edema. Geralmente, inicia-se pela aplicação do calor, sendo este seguido pela aplicação da compressa fria, mas se estiver ainda muito inchado, pode iniciar e terminar com o frio. Esta modalidade é muito eficaz para extremidades (mãos, punhos, tornozelos, pés) locais mais difíceis de tratamento do edema.

Separe dois baldes ou bacias, em uma coloque água com pedras de gelo, na outra coloque água morna do chuveiro (temperatura suportável pela pele). Mergulhe a mão (ou pé) no recipiente com água morna e deixe 3 minutos, imediatamente depois mergulhe no recipiente com água fria por 1 minuto, e volte para a água quente. Repita esta operação até somar um total de 30 minutos. Este processo pode ser feito diariamente.

O banho de contraste mostra-se eficaz para o tratamento de inchaço (edemas localizados), mas é pouco eficiente para evitar e tratar


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